Party: Noite Paraíso
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Paraíso é um programa de rádio, editora e noite que celebra a música a que um dia chamaram "underground house music from a paradise called portugal". Com:
Djluisleite (90s school set)
Quando em meados dos anos 90 é lançado primeiro volume da série de compilações misturadas da mítica discoteca Alcântara-Mar, Luís Leite era já um nome forte da nossa club scene e um pioneiro da música de dança em Portugal. Com o virulento impacto da compilação e a sua entrada nos primeiros lugares dos tops de vendas, Luís passa a pertencer a uma, na altura ainda pequena, constelação de DJs vindos do underground que conseguiram perfurar com pujança o mainstream português sem comprometer a sua música. O ano era 1996 e as cassettes-pirata dos CDs "do Alcântara" trocavam de mãos nas escolas e nas ruas em números grandes, como se fossem dos Nirvana ou dos Guns. Os teenagers chateavam os pais para usarem argolas, rapar o cabelo e estourar a mesada numas botas Jimmy Doyle - à raver.
Com uma mistura de house duro americano, lados b de trance europeu, algum techno inglês e produção nova nacional, Luís Leite construiu o monstro que viria a tornar-se o som "Alcântara-Mar": despido, rápido, a oscilar entre exuberância clubby e austeridade industrial - com um potencial de crossover inegável. Também com a sua produção criou alguns dos clássicos maiores da nossa música de dança; toda a gente que cresceu nos noventas reconhece "Khine #3" quando a ouve, e "Work In Progress" não é apenas dos melhores momentos da Kaos Records mas ainda hoje conserva uma elegância que a torna moderna. Em colaboração com Alex S (Urban Dreams) deu-nos o projecto Delicado já no início dos anos 2000, onde trocava a dureza electrónica por influências jazzy. Mais tarde, também com Alex, criou um dos maiores hits internacionais da house do seu tempo com o projecto Darkmountaingroup, editado com o selo Buzzin' Fly de Ben Watt (Everything But The Girl). A sua entrega e ouvido genial são apenas equiparáveis à sua humildade e espírito de serviço, próprias de um tempo em que os DJs eram apenas "meros" trabalhadores. Ouvir Luís Leite de novo a servir-nos apartir da cabine de um grande clube lisboeta é uma oportunidade de transcendência imperdível.
Yen sung (90s school set)
Yen Sung é uma das principais mensageiras desta herança (e promessa) que é a música de dança portuguesa. Uma verdadeira cidadã do mundo, ajudou a fazer e espalhar a nossa história mundo fora e isso transpira na sua música tanto como na sua vida.
Nasceu em Maputo, Moçambique, e veio para Portugal com sete anos. Foi cá que cresceu, passando depois tempo em Londres. De volta a Lisboa, logo no início dos anos 90 começa a escolher e rodar discos no lendário Frágil, fez parte da primeira formação da banda de hip-hop Da Weasel - e torna-se DJ residente do Lux desde a primeira hora, em 1998. Fez rádio na XFM e na Oxigénio, emprestou a sua sensibilidade sónica para a curadoria de colectâneas como a 'Lisboa Gare', e lançou música a solo na editora dos duo britânico Basement Jaxx, Atlantic Jaxx.
Depois de mais de 20 anos a fazer o que sabe melhor, toda a magia e pica inicial se mantêm e solidificou-se, pelo caminho, o seu som: largamente inspirado na grande árvore da música negra, ecléctico na sua raíz e souful na intenção, sempre guiado por uma elegância natural que parece amaciar a realidade - e guiado também, claro, pela sua empatia pela pista. Essa sua alquimia, que de resto abriu portas e serviu de exemplo para muitas mulheres no DJing português, já viajou para inúmeros em clubes dentro e fora do país, incluíndo em Madrid, Berlim, Londres e Luanda.
Emauz b2b Sheri Vari
A Mariana é uma mente criativa que não descansa, nem que tente. A transparência inerente à música que cria é um reflexo nítido da sua alma - tornando as suas esculturas sónicas e DJ sets em peças completamente pessoais. Uma mulher com propósito, o seu prolífico trabalho como produtora situa-se algures entre a abrasão techno e calor deep house com um twist acid e já foi editado em editoras nacionais como a Labareda de SONJA, a Extended Records e recentemente na Paraíso de José Acid.
EMAUZ é também a fundadora da editora Linga Sharira - sublabel da portuense Helena - onde lança discos de vinil de jovens produtores emergentes, apresentando essa música inventiva em capas pintadas à mão. Mariana faz o programa de rádio homónimo à editora todos os meses em directo do estúdio da Rádio Quantica em Lisboa, onde tem oportunidade de partilhar a sua sensibilidade sónica ecléctica e a sua queda para o lado espiritual da experiência do som. Essa característica é também o que a torna numa DJ tão interessante, com a empatia necessária para entender uma sala e ao mesmo tempo a habilidade técnica para levar o público, sempre em dança, para onde a sua verdade está. EMAUZ acredita que é um veículo que transporta uma mensagem libertadora: a de apenas ser - e isso talvez seja apenas dançar, de corpo e alma.
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Tendo já passado mais de uma década atrás dos pratos, Mariana Cruz a.k.a. Sheri Vari desenvolveu um olhar versátil mas ainda assim único que encapsula perfeitamente a sua vasta experiência como DJ residente em inúmeras salas - grandes e pequenas, tanto de cariz mais club como mais relaxado.
O seu nome de artista - uma referencia ao clássico Shari Vari de A Number Of Names - evoca história, respeito e conhecimento, e a sua selecção musical ireepreensível é tão real como o seu nome sugere. Os seus sets não giram em torno de um estilo particular mas antes de uma ideia, a de ligar os pontos soulful que tornaram a música de dança relevante. Desde faixas lentas e sedutoras até funk maquinal, disco exuberante e new wave até house deep e exótica, o techno emocional de Detroit ou acid de Chicago - estamos perante uma DJ que navega com naturalidade essas coordenadas e as torna suas.
Como produtora, tem lançado música em casas como a Tink! e a Labareda, deixando claro o seu talento como escultora de beats mas também vocalista e escritora de canções, com uma abordagem fresca aos clássicos e com os olhos sempre postos em tornar a experiência de pista tão rica e colorida como as suas influências.
JOSÉ ACID
Também conhecido como Shcuro, outro alter ego sob o qual produz algum do techno mais escuro e interessante que se faz em Lisboa, José Acid é um DJ e produtor que vê no acid original de Chicago uma matriz-base para explorar todos os desdobramentos rave que interessa sentir. É multifacetado a vários níveis, não só no artístico: é também o fundador da editora, do programa de rádio e agora da noite Paraíso. Criou a Paraíso com uma missão simples, a de disponibilizar uma plataforma de divulgação e celebração da história da música de dança em Portugal. Não se prendendo apenas ao seu passado, ajuda a tecer o seu futuro.
Os sets de José Acid são uma viagem bem desenhada, com contornos cirúrgicos mas cheia de contrastes: desde o acid visceral até ao electro cru de influência drexcyiana, cria uma paisagem dinâmica e colorida que já o levou a clubes e festivais em Lisboa, Porto, Barcelona e Berlim.
O primeiro EP de José Acid, ‘10000 Anos Depois Da Rave’, saiu em 2015 pelo selo portuense 1980 com uma remistura de Photonz e recebeu elogios da revista britânica The Wire. Contribuiu para uma compilação de acid da Kobayashi records e no fim do ano passado, a sua faixa ´No Ego', um ode às linhas de baixo mais emocionais e abrasivas da Roland TB303, viu a luz do dia num 12" de vários artistas na sua Paraíso.
Textos: Inês Coutinho
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Luis Leite
By the time the first instalment in a series mix CDs by the mythical Lisbon nightclub Alcântara-Mar was released in the mid-90s, Luís Leite was already a strong name in the scene and a pioneer of portuguese dance music. But with the viral impact of the compilation and its entry into the charts that year, Luís became a part of a small constellation of underground DJs that made it big into the portuguese mainstream without changing their sound. The year was 1996 and pirate cassette copies of the "Alcântara" CD changed hands in big numbers, in schools and in the streets, as if they were Nirvana or Guns & Roses tapes. Teenagers pestered their parents so they could have large earrings, shave their heads and blow their monthly allowance on a pair of Jimmy Doyle boots - trying to emulate the style of the city's ravers.
With a mix of tough american house, european trance b-sides, some english techno and new local production, Luís Leite built the Alcântara-Mar sound up like a monster: stripped-down, fast, oscillating between clubby exuberance and industrial austerity, with undeniable crossover potential. Through his own productions he created some of the biggest tracks in portuguese dance music; every local kid growing up in the 90s will recognise "Khine #3" when they hear it, and "Work In Progress" isn't just one of the finest tracks released by Kaos Records but still, to this day, it retains an elegance that makes it utterly modern. Through a collaboration with Alex S (Urban Dreams) in the early 2000s, Luís also gave us the Delicado project where hard electronic sounds where abandoned for more mellow, jazzy influences. Later on, also with Alex, he created one of the biggest dance hits of its time as Darkmountaingroup and released it through Ben Watt's Buzzin' Fly label. His passion and golden ear can only be matched by his humility and sense of service, learnt during a time when DJs were "mere" workers. To hear Luís Leite play to us again from the DJ booth of a big Lisbon nightclub is an opportunity for transcendence not to be missed.
Yen Sung
Yen Sung is one of the main messengers of this legacy (and promise) that is portuguese dance music. A true citizen of the world, she helped create and spread our history throughout the world and that transpires in her music as well as in her life.
Born in Maputo, Moçambique, she moved to Portugal at seven. She grew up here, later spending time in London. Back to Lisbon, in the beginning of the 90s she started selecting and spinning records at the legendary Frágil, she was part of the first line-up of portuguese hip-hop band Da Weasel - and she becomes a resident DJ at Lux from the get go in 1998. She ran radio shows on XFM and Oxigénio, lent her sonic sensibility to the curation of compilations like 'Lisboa Gare', and released music as a solo act on Atlantic Jaxx, the label run by british duo Basement Jaxx.
After over 20 years worth of doing what she knows best, the magic and initial drive are still there, while her sound was shaped: largely inspired by the great tree of black music, electic in its roots and soulful in its intentions, always guided by a natural elegance that seems to smooth the edges of reality - and also guided by her empathy for the dance floor. That alchemy of hers, which opened doors for many women in Portuguese DJing, has traveled to numerous clubs in this country and abroad, including Berlin, Madrid, London and Luanda.
Emauz b2b Sheri Vari
Mariana is a creative mind that couldn't rest if she tried. The inherent transparency in the music that she crafts is a beautiful reflection of her soul - making her sonic sculptures and DJ sets as personal as they could possibly get. A girl with a purpose, her prolific output as a producer sits somewhere between gritty techno and deep house with an acid twist and has been released on Portuguese labels like SONJA's Labareda, Extended Records and recently in José Acid's Paraíso.
EMAUZ is also the founder of her own label Linga Sharira where she puts out vinyl records by up-and-coming young producers, packaging the inventive music in equally awe-inspiring hand-painted covers. Mariana runs her monthly radio show Em Transparência live from the Rádio Quântica studios in Lisbon, where she showcases her eclectic sonic sensibility and her penchant for the spiritual side of the sound experience. That quality is also what makes her an exciting DJ who has the required empathy to understand a room as well as the skill to take the dancing crowd to where she believes the truth lies. EMAUZ believes she is a vehicle to carry a message of liberation: to just be - and that might be to just dance, body and soul.
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Having spent over a decade behind the decks, Mariana Cruz a.k.a. Sheri Vari has developed a versatile yet unique touch that perfectly encapsulates her vast experience as a resident DJ in numerous venues - big or small, clubbier or more relaxed.
Her artist name - a reference to A Number Of Names' classic Shari Vari - evokes history, respect and knowledge, and her impeccable music selection is just as real as her name suggests. Her sets don't revolve around a particular style but rather around an idea of joining the soulful dots that made dance music relevant. From seductive slow burners to machine funk, exuberant disco and new wave to deep, exotic house, emotional Detroit techno or classic Chicago acid - this is a DJ that will naturally navigate the above coordinates and make them her own.
As a producer, she has put out music on labels like Tink! and Labareda, showcasing her talent as a beatsmith as well as a vocalist and songwriter, with a fresh take on classics and with her eyes always set on making the dance floor experience as rich and colourful as her influences.
Words: Inês Coutinho
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